O Patrono

 

D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431)

D. Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360. Segundo alguns, terá sido na Flor da Rosa, Crato, mas para a maioria dos autores foi em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. Foi um dos 32 filhos do poderoso e influente Prior do Hospital, D. Álvaro Gonçalves Pereira, sendo sua mãe D. Iria Gonçalves.
Aos treze anos foi admitido na corte, tomando-o a rainha Leonor Teles como seu pajem. Logo aí deu mostras do seu espírito guerreiro, tendo sido armado cavaleiro pelo rei.
Nesta cerimónia usou a armadura emprestada por D. João, Mestre de Avis, armado cavaleiro dois anos antes, com a mesma idade de D. Nuno. Este acto simbólico foi prenúncio que se estabeleceria entre os dois homens, culminando em Aljubarrota e no garante da independência de Portugal.
Aos dezassete anos casou, contra sua vontade, com D. Leonor de Alvim, sendo o matrimónio com esta jovem e rica viúva combinado por seu pai e pelo rei D. Fernando.
Não chegou a viver três anos na companhia da sua esposa, no Minho, mas nesse período nasceram três filhos: dois rapazes, mortos à nascença, e D. Beatriz.
A menina veio a casar com o príncipe D. Afonso, filho de D. João I, e que viria a ser o 1.o duque de Bragança. Os descendentes de Álvares Pereira, através de Casa de Bragança, acabariam por chegar ao trono com a Restauração de 1640.
Com a morte de D. Fernando, em 1383, D. Nuno foi um dos primeiros a apoiar as pretensões de João, Mestre de Avis, à coroa.
Logo no ano seguinte, depois de nomeado fronteiro do Alentejo pelo Mestre, bateu-se contra o exército de João de Castela, nos Atoleiros. Comandando uma força de 1200 homens e sem que se registassem vítimas entre os portugueses, derrotou 5000 soldados castelhanos que sofreram pesadas baixas.
As vitórias continuaram, de Trancoso até Valverde, mas Aljubarrota foi onde transpareceu todo o génio militar de D. Nuno, já Condestável do reino, e onde se garantiu a independência nacional. Desta vez, 6500 portugueses bastaram para 30000 castelhanos.
Marcando o fim da supremacia da cavalaria nos campos de batalha da Europa medieval, a célebre táctica do quadrado foi ensaiada pela 1ª vez em Tomar, nos campos da Várzea Grande, onde D. João I se reuniu a Nun´Álvares, nas vésperas de partirem para a grande batalha.
Além da coragem indómita e do génio militar, D. Nuno era um espírito profundamente religioso. No mesmo ano em que faleceu a esposa, mandou iniciar a construção do convento do Carmo.
Em 1422, também já falecida a sua filha, reparte os seus imensos bens com netos e companheiros e recolhe-se ao Carmo, onde começa a professar no ano seguinte, passando a ser frei Nuno de Santa Maria.
Dando provas de total desapego aos poderes e bens terrenos, a sua reputação de santidade começou ainda em vida, sendo tratado pelos mais pobres como o Santo Condestável.
Poucos anos após a sua morte, no Domingo de Páscoa de 1431, começam os pedidos para que o Vaticano o beatificasse. As primeiras diligências nesse sentido são feitas ao tempo de D. Duarte, apoiadas nos numerosos milagres atribuídos a frei Nuno.
Também D. João IV, o 1º Bragança no trono, fez pedido nesse sentido, mas só em 1918 o Papa Pio XII concedeu essa beatificação. A esse reconhecimento tardio, não terá sido estranha a oposição da Espanha.
Menos se esperou pela sua canonização, ocorrida em 2009. Está inscrito no «Livro dos Santos» como S. Nuno e a sua festa litúrgica é assinalada a 6 de Novembro.
 
Eduardo Mendes
Professor de História no Agrupamento